domingo, 4 de novembro de 2007

Encontro reúne cerca de 600 pessoas

I ENCONTRO NACIONAL DE NEGROS E NEGRAS DA CONLUTAS

Abertura animou os participantes, com falas de entidades e organizações presentes, apresentações culturais e homenagem a Solano Trindade. Leia, abaixo, a reportagem de Yara Fernandes, direto de São Gonçalo (RJ), e o que foi dito na abertura do Encontro.

O 1º Encontro Nacional de Negros e Negras da Conlutas teve início na manhã do dia 2 de outubro, sexta-feira, com apresentações culturais, falas emocionadas e animadoras, e superando as expectativas numéricas. Ainda pela manhã, já estavam inscritos 512 delegados, mas estima-se que o evento tenha reunido cerca de 600 pessoas.

Antes de instalar a mesa de abertura, houve uma apresentação cultural, com capoeira e dança, na entrada do evento, que acontece em São Gonçalo (RJ). Depois da apresentação, os artistas conduziram o público até o auditório, onde foi instalada a mesa de abertura, coordenada por Dayse Oliveira.


Entre indígenas, sem-tetos e juventude, das favelas brasileiras ao Haiti
Ciro Garcia falou representando a Conlutas. Ele criticou o governo: “O governo, através de suas reformas neoliberais, pretende deteriorar mais e mais as condições de vida da classe trabalhadora. E a parcela mais afetada por essa política, pelas reformas, pela escassez de verbas para saúde, educação, é a juventude negra do país”. Ele falou também sobre a repressão policial, que atinge, sobretudo, os negros e negras.

Ciro falou ainda sobre a construção da Conlutas no processo de reorganização do movimento no Brasil, e disse que “da mesma forma, é preciso se contrapor aos governistas no movimento negro, é preciso construir um organismo que encaminhe a luta contra a opressão num marco de raça e classe”.

Lucas, da Conlute, criticou o Reuni e a privatização das universidades, citando os atuais movimentos de ocupação que se espalham pelo país. “Querem colocar a juventude negra em vagas precárias nas universidades particulares, dizendo que isso é cota”, denunciou.

A mesa também contou com a participação do líder indígena José Guajajara. “O movimento negro e o movimento indígena estarem juntos aqui é uma honra, porque foram os povos mais massacrados neste país”, afirmou.

Paula, da ocupação sem-teto Pinheirinho, lembrou que a maioria dos ocupados são negros e pobres, e afirmou a necessidade de unir a classe trabalhadora contra a exploração e a opressão: “a gente só consegue mudar esta sociedade burguesa e preconceituosa com a união de brancos e negros”.

Antônio Vieira Andrade, do Movimento das Favelas, disse que “este é um primeiro encontro, mas queremos encontrar a Conlutas nas favelas”.

Fábio falou pelo PSOL que “é inadmissível que o movimento se cale diante da ocupação no Haiti”. “Temos de forjar uma voz pública unitária para homens e mulheres que querem construir uma alternativa real”, finalizou.

Geraldinho, da Oposição Alternativa na Apeoesp, falou em nome do PSTU, lembrando que “o Haiti tem uma grande importância, foi o único povo a fazer uma revolução negra vitoriosa nesse continente”. Ele disse ainda que “a revolução neste país será feita pelos trabalhadores, construída junto e com corte racial, e junto com as mulheres. Isso não é utopia, é necessidade”.

Nenhum comentário: