sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Ricardo Antunes: "Vou anular meu voto".

O portal Agência Carta Maior publicou entrevista com o sociólogo Ricardo Antunes sobre o segundo turno. Carta Maior é claramente lulista e vem tentando cavar no PSOL posições conflituosas com a de HH e que permitam explorar o apoio a Lula. Empolgada com o seminário aonde arrancou de Plinio Arruda e de Chico Oliveira, ambos do PSOL, declarações que reforçam a possibilidade de apoio, resolveram entrevistar Antunes, mas o que ouviram destoou bastante do que possivelmente esperavam.

A seguir alguns trechos da entrevista:

Sobre se as candidatuas de Lula e Alckmin são idênticas.

"É evidente que as candidaturas de Lula e de Geraldo Alckmin não são idênticas, mas têm as arquiteturas de política econômica muito semelhantes, de ligação com os bancos, com o capital financeiro e com o grande capital industrial. Enquanto Alckmin é o candidato da direita com face tradicional, o governo Lula é uma expressão que vem das lutas sociais que acabou abraçando as propostas de fundo direitista. Com isso, Lula age para desarticular as lutas sociais. Fernando Henrique tentou por anos atacar a previdência pública e taxar os aposentados, mas não conseguiu, pois enfrentou a oposição dos movimentos sociais. O governo Lula mostrou-se extremamente "competente" para desestruturar as esquerdas brasileiras, que ficaram reduzidas a pedaços".

Sobre privatização.

"Fala-se que Lula não vai privatizar. Mas o que são as PPPs (Parcerias Público Privadas)? Esta foi uma criação feita nos anos 1980 pelo governo de Margareth Tatcher, na Inglaterra! O mais puro neoliberalismo. Lula não privatizou grandes empresas porque estas foram vendidas no governo FHC. Mas fez todas as reformas que FHC não conseguiu, tendo a privatização da previdência e taxação dos aposentados em primeiro lugar".

Sobre a relação com os movimentos sociais.

"Enquanto FHC e Alckmin buscam criminalizar o MST, coisa que Lula não poderia fazer, ele confunde os movimentos. Não fez nenhuma reforma que sequer arranhe a estrutura do agronegócio e da concentração secular de terras, mas deixa os movimentos de luta pela terra dependentes dos recursos de seu governo. Qual o projeto mais nefasto? O que o PT fez com a CUT foi converter a entidade em um apêndice do estado brasileiro, com vários ex-dirigentes ligados a fundos de pensão e à gestão dos fundos públicos e das estatais. Alckmin, por sua vez vai avançar em posições anti-populares muito claras. Mas penso que a mobilização social contra o governo Lula é muito mais difícil, pois teremos os núcleos dirigentes do PT, da CUT e da UNE contra possíveis mobilizações".

Para ler a íntegra clique aqui.

Leia o que já publicamos sobre o segundo turno aqui:

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